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16 de junho de 2014
Princesas da Disney: muito além do conto de fadas
O tema disney aqui no blog.
Nada de príncipes encatados, beijos que salvam vidas ou vestidos glamurosos! Já passou pela sua cabeça que é possível estudar história a partir dos desenhos da Disney? Cada princesa nasceu em uma época e, consequentemente, traz alguns traços dos costumes de cada geração.
Contamos com a ajuda da Fernanda Roveri, professora de educação infantil em Campinas e autora do livro "Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque", e da Cláudia Cordeiro Rael, autora do estudo "Gênero e Sexualidade nos desenhos da Disney", para elaborar esta matéria. São curiosidades e fatos que podem ter passado despercebidos por você e que te ajudarão a entender melhor esse mundão enorme.
(PS: como algumas princesas representam épocas parecidas, analisamos apenas algumas delas.)
Cinderela (1950): essa história destaca as idealizações das adolescentes com relação ao primeiro encontro: o cara dos sonhos, o lugar (baile) dos sonhos, a roupa dos sonhos... Nos anos 50, os vestidos bufantes vieram à tona exatamente para deixar as mulheres parecidas com princesas. Quanto mais "embrulhadas para presente" elas estivessem, melhor. A luva, acessório que a Cinderela usa no baile, é sinônimo de pureza, o que nos faz refletir sobre o fato de, no primeiro encontro, a menina querer sempre parecer ingênua e fofa. A fada madrinha é o desejo que se tornou realidade, assim como o sapatinho de cristal é o amor impossível que se tornou real.
Pequena Sereia (1989): Ariel é uma garota no auge da puberdade, enquanto a bruxa do mar, Úrsula, representa a mulher pós-menopausa. O fato de Ariel ser uma sereia e se apaixonar por um príncipe "de terra firme" representa os relacionamentos da adolescência: cheios de dúvidas, cheios de obstáculos. No filme, Úrsula canta uma canção para a sereia que diz o seguinte: "Não vá querer jogar conversa fora, que os homens fazem de tudo para evitar. Sabe quem é a mais querida? É a garota retraída. E só as bem quietinhas vão casar". A letra mostra exatamente qual era o comportamento valorizado na época: a mulher precisava ouvir bastante a palpitar pouco.
Bela Adormecida (1959): com um "quê" de Brigitte Bardot, a Bela Adormecida se assemelha e muito com algumas das mulheres mais famosas do cinema da época. O cabelão é o que mais chama a atenção na princesa, visto que, nos anos 60, ele começou a ser sinônimo de poder. As pernas longas e finas, a cintura estreita e a cabeça relativamente comprida são outras características físicas valorizadas na época.
Mulan (1998): ela corta o cabelo e vai para a guerra ao lado dos homens! "Minha garota é demais. Com ela eu sou o tal", diz os soldados em uma canção no meio do desenho. Nessa hora, a Mulan questiona: "É, mas se ela o cérebro usar, vai ser a maioral?". E os soldados respondem: "Não!!!". Aqui, os antigos costumes são postos à prova. A mulher deveria estar em casa, cuidando da família e esperando o marido retornar da guerra (ou do trabalho) com a mesa pronta. Mas a Mulan não faz nada disso e continua sendo uma mulher e tanto! E agora? Essa é a questão central do desenho e da época.
Tiana (2009): o atual presidente dos EUA, Barack Obama, foi eleito pela primeira vez em 2008. Ele foi o primeiro presidente negro da história do país. No auge desta eleição, surge a princesa Tiana, a primeira e única princesa negra da Disney. Na história, a garçonete dá a volta por cima ao encontrar um sapo, que, na verdade é um príncipe. Essa reviravolta representa as possibilidades que qualquer pessoa tem de superar barreiras e obstáculos. Tanto Tiana quanto Obama chegaram lá.
Frozen (2013): como pode uma pessoa se casar com alguém que acabou de conhecer? Elsa é uma garota decidida, que saber o que quer e que questiona justamente o comportamento mais comum entre as princesas dos contos de fadas - o fato de elas se casarem com um príncipe sem ao menos conhecê-lo melhor antes. Antigamente, era natural e fazia parte dos costumes da época que as mulheres se casassem novas. Hoje, o casamento não é mais uma instituição tão valorizada (ou necessária). As mulheres estão cada vez mais independentes.
Branca de Neve (1937): cabelos curtos, rosto redondinho e pele iluminada constituíam o padrão de beleza da época. Saias longas, na altura do tornozelo, e grandes ombreiras (algumas chegavam a ter até 8 cm de comprimento!) eram duas coisas que atraíam os homens. As mulheres de época, assim como a Branca de Neve, passavam uma imagem de protetoras, como se carregassem todo o peso do mundo nas costas. Outra coisa interessante é que as mocinhas das histórias são sempre representadas por cores claras; enquanto as vilãs, por cores escuras. A Branca de Neve tem "neve" (pureza) até no nome!
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